Quando fazer Laparoscopia

Embora a sua indicação mais frequente seja a suspeita de endometriose, a laparoscopia vem sendo amplamente utilizada nos últimos anos como um importante instrumento na investigação e tratamento de várias doenças causadoras de infertilidade e da dor pélvica crônica. O avanço tecnológico dos aparelhos e das técnicas tem proporcionado a solução dos problemas de saúde femininos com o mínimo de agressão ao corpo da mulher.

Hoje em dia, com os recursos da videolaparoscopia (já um avanço da laparoscopia tradicional), utiliza-se uma microcâmera e também pequenos instrumentais cirúrgicos no diagnóstico e tratamento, como retirada de cistos, miomas e reversão de laqueaduras. E, atualmente, mais de 90% dos procedimentos podem ser efetuados por este sistema. Além de proporcionar recuperação bem mais rápida, com mínima dor no pós-operatório, na VLP são feitas pequenas incisões (bem menores que a cirurgia tradicional); é menor o risco de infecções; deixa menos cicatrizes favorecendo a estética; reduz os gastos com medicamentos; garante mais segurança e eficácia no diagnóstico e realização de procedimentos médicos.

Outra vantagem é que a laparoscopia pode ser também, além de diagnóstica, cirúrgica, ou seja, permite a correção simultânea das alterações encontradas. Neste caso, a internação pode ser feita no dia anterior ou até horas antes do início, sempre com o uso de anestesia geral. A maioria das mulheres recebe alta um dia após a cirurgia, podendo voltar as suas atividades normais em até uma semana. Se optasse por procedimentos mais complexos, o tempo seria maior de internação e o retorno mais lento à rotina.

E você sabe quais são alguns dos diagnósticos e tratamentos para os quais a laparoscopia é mais indicada? Tire suas dúvidas abaixo, mas lembre-se: embora minimamente invasivo, o procedimento é delicado. A realização da laparoscopia sempre deve ser discutida com seu médico. É ele quem vai avaliar se essa é a melhor técnica para se realizar naquele momento.

Endometriose: É uma doença ginecológica definida pelo desenvolvimento e crescimento do tecido que reveste a cavidade uterina, o que resulta numa reação inflamatória crônica. É diagnosticada quase que exclusivamente em mulheres em idade reprodutiva; mulheres pós-menopáusicas representam somente de 2% a 4% de todos os casos submetidos à laparoscopia por suspeita de endometriose. Essas alterações levam a dor durante a relação sexual, alterações intestinais durante a menstruação – como diarreia ou dor para evacuar –, dificuldades para engravidar e cólicas menstruais. A melhor opção no tratamento cirúrgico da endometriose tem sido há anos, a laparoscopia, já que permite ao cirurgião identificar lesões pequenas que não são visíveis na cirurgia convencional. No momento do procedimento, todos os focos de endometriose que são evidenciados são imediatamente retirados e cauterizados.

Miomas: O mioma uterino é o tumor benigno (crescimento não canceroso) mais frequente do trato genital feminino, apresentando sintomas principalmente nas mulheres entre os 30 e 40 anos. Pode ser único ou múltiplo e de diferentes tamanhos em diversas localizações do útero. Os sintomas típicos são: períodos menstruais intensos e prolongados, dor pélvica; dor nas relações sexuais; sensação de pressão na bexiga, com vontade constante de urinar, entre outros. Nem sempre requer intervenção cirúrgica, mas, quando o tratamento clinico não dá resultados, há duas opções: pode ser feita a histerectomia (retirada cirúrgica do útero) ou a miomectomia via laparoscopia (retirada apenas dos miomas conservando-se o útero), para miomas que se encontram na porção externa do útero. Neste caso, a laparoscopia possibilita não só a retirada de miomas com o mínimo trauma ao organismo, como ainda mantém a estética abdominal.

Cisto de ovários: Normalmente decorrente de algum descontrole hormonal (por isso com mais chances de se desenvolver em portadoras de endometriose ou com doença inflamatória pélvica), o cisto ovariano aparece antes da menopausa, entre os 20 e 35 anos, mas raramente atrapalha a ovulação. Só assume características de tumor maligno caso sejam policistos. Os tumores de diâmetro inferior a 60 milímetros são assintomático e podem ser tratados clinicamente com o uso de anovulatórios orais. Por outro lado, aqueles de tamanho igual ou superior a 60 milímetros podem provocar sangramento ou dor abdominal aguda e têm de ser retirados cirurgicamente por laparoscopia.

Gestação ectópica: A gravidez ectópica, ou seja, que se desenvolve fora do útero, acontece em 1% de todas as gestações do mundo. Por ser raríssima, o risco de mortalidade materna é 90 vezes maior que em uma gestação normal e o risco do bebê falecer é de 95%, além de ainda haver o risco de haver alguma deformação na criança. São vários os tipos de gravidez ectópica, em que o bebê pode se desenvolver no intestino ou nas trompas, por exemplo. A laparoscopia é fundamental já para o diagnóstico precoce, evitando a morte da mãe e do bebê. Também no tratamento, a videolaparoscopia é a primeira opção por se tratar de um método de extrema eficácia, segurança, menor custo, morbidade e tempo de retorno ás atividades diário, além de preservar a fertilidade das pacientes.

Aderências e salpingite (inflamação das trompas): Corrimento vaginal abundante; cheiro característico; dor abdominal; hemorragia menstrual anormal e uretrite são apenas alguns dos sintomas dessa infecção e inflamação dos tubos que ligam o útero aos ovários. Apesar de pouco conhecida, é uma das doenças responsáveis pela infertilidade. Acomete principalmente mulheres jovens e sexualmente ativas. As pacientes com DIU são especialmente vulneráveis. A laparoscopia pode ser feita para confirmar o diagnóstico e descartar condições com sintomas semelhantes, como a gravidez tubária ou apendicite. 

Fonte- Ginecologista Joji Ueno (CRM-48.486)