doença inflamatória pélvica

A alteração funcional das tubas uterinas é uma das mais frequentes causas de infertilidade, presente em aproximadamente 25% dos casais inférteis. Entre as principais causas de lesão tubária destacam-se a endometriose, a gestação ectópica, as aderências pélvicas secundárias a intervenções cirúrgicas abdominais e a doença inflamatória pélvica. Esta última é a responsável pela hidrossalpinge, nome que se dá ao acúmulo de liquido dentro da(s) trompa(s).

A DIP (doença inflamatória pélvica) é uma infecção ascendente, que atinge primeiro útero e depois as trompas, causada por bactérias, como gonococo e clamídia. O grande problema desta patologia é o caráter silencioso desta infecção, já que muitas vezes os sintomas são leves e até inexistentes, o que retarda o diagnóstico e tratamento. A hidrossalpinge é a consequência dessa infecção aguda. Após ser atingida pelo processo infeccioso, a trompa sofre alterações definitivas, que levam à sua obstrução e algumas vezes ao acúmulo e retenção de líquido, caracterizando a doença.

Além da obstrução tubária, que impede uma gravidez por métodos normais, a hidrossalpinge, quando presente ao exame de ultrassom, diminui muito as taxas de gravidez em procedimentos de fertilização in vitro, já que o líquido pode “levar” os embriões para fora da cavidade uterina ou interferir no fenômeno de implantação.

A conduta mais recomendada hoje é a de que mulheres que apresentam hidrossalpinge com mais de 3cm, ou visíveis ao ultrassom, considerem a possibilidade de remover cirurgicamente esta tuba dilatada antes de se submeterem a procedimentos de fertilização in vitro, a fim de aumentar as taxas de implantação e gestação, indicando a remoção da hidrossalpinge por cirurgia vídeolaparoscopia, antes da realização de qualquer tipo de tratamento.

Diagnóstico e Tratamento

Existem três maneiras de se diagnosticar a hidrossalpinge. O procedimento de raios X envolve um líquido especial (contraste) injetado no útero. As imagens são tiradas, detectando a posição do líquido e do progresso dele através das trompas. No entanto, segundo a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, esse teste possui uma taxa de 15% de falso-positivo, que pode levar a um diagnóstico incorreto. A ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética pélvica poderão demonstrar o acúmulo anormal de líquido no interior da tuba que poderá diminuir a taxa de gravidez com a fertilização in vitro.  Assim, estaria indicada a salpingectomia (retirada da tuba) ou salpingoplastia (plástica da tuba), que geralmente são realizadas pela vídeolaparoscopia.

Fonte – ginecologista Joji Ueno (CRM-48.486), doutor em medicina pela Faculdade de Medicina da USP, responsável pelo setor de Histeroscopia Ambulatorial do Hospital Sírio Libanês e Diretor na Clínica Gera (www.laparoscopiaginecologica.net.br).

 

 

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