Durante a gestação as intervenções cirúrgicas abdominais são um grande dilema para o cirurgião devido ao risco não só para a mãe, mas também para o feto. Aproximadamente uma a cada 635 mulheres é submetida à cirurgia abdominal não obstétrica durante a gestação. Apendicite, colecistite e obstrução intestinal estão entre as três emergências não obstétricas mais incidentes que requerem cirurgias abdominais Dentre outras menos incidentes temos colelitíase, tumores de adrenal, alterações hematológicas esplênicas, cistos ovarianos, tumores ou torções ovarianas, gravidez ectópica e algia pélvica de etiologia desconhecida. As complicações geralmente estão mais relacionadas à demora no diagnóstico da patologia associada e a sua consequente piora do que ao ato cirúrgico propriamente dito.

Uma dessas cirurgias é a laparoscópica, que tem se aperfeiçoado drasticamente desde seu advento, se enquadrando em uma alternativa para o tratamento cirúrgico de inúmeras doenças graves, entretanto, já foi considerada uma contraindicação absoluta durante o processo de gestação. Os motivos eram muitos, inclusive lesão no útero grávido, elevação do nível de CO2 no feto e um aumento de aborto espontâneo, para citar apenas algumas complicações. Estas preocupações, no entanto, têm se mostrado falsas e estudos mostram ser possível a realização da laparoscopia com segurança durante a gestação. Considerado pouco invasivo e seguro para mãe e feto, o procedimento pode abreviar o período entre o diagnóstico e o tratamento definitivo, quando certas condições agudas têm seu diagnóstico dificultado pela própria gestação.
Atualmente a laparoscopia tem sido usada com uma frequência cada vez maior na gestação. Inicialmente era realizada somente para a resolução de gestações ectópicas e exérese de massas tumorais anexais. Esses procedimentos têm mostrado resultados cada vez mais satisfatórios, com baixa morbidade materna e fetal, independentemente do período de gestação à qual a mulher foi submetida à intervenção laparoscópica.

As principais indicações da laparoscopia são os casos em que o diagnóstico definitivo e o tratamento do abdômen agudo podem ser retardados pela gestação, sendo um método menos invasivo, que pode acelerar o processo de cura da paciente. A maior parte dos estudos demonstra que a laparoscopia na gestação pode ser tão segura para o feto quanto à laparotomia. Para a gestante predominam as vantagens conhecidas da abordagem videolaparoscópica sobre a laparotomia.

Vantagens
O maior benefício da laparoscopia é a prevenção de um atraso injustificado no diagnóstico. As vantagens desta técnica para abordagem da cavidade abdominal, além de reduzir a dor pós-operatória, com isto diminuindo a administração de medicamentos analgésicos ao paciente, são o encurtamento do período de internação hospitalar, a melhora do tempo de recuperação da paciente e a permitir a deambulação precoce, reduzindo os riscos de tromboembolismo.
Já as vantagens da laparoscopia sobre a laparotomia são a diminuição da depressão fetal devido ao menor uso de narcóticos no pós-operatório, o menor risco de complicação de ferida operatória, diminuição de hipoventilação materna pós-operatória e o menor tempo de hospitalização.
Confira algumas dessas vantagens e as desvantagens da realização do procedimento durante a gestação:

Vantagens da Cirurgia Laparoscópica Durante a Gestação:

·Abreviação do tempo entre a suspeita clínica, o diagnóstico definitivo e o tratamento do abdômen agudo na gestação;

·Menor tempo de hospitalização, abreviando o tempo de recuperação da paciente, com deambulação precoce e diminuição dos riscos de tromboembolismo;
·Menor tempo cirúrgico;

·Redução da dor pós-operatória, diminuindo a administração de medicamentos analgésicos;
·Diminuição da depressão fetal devido ao menor uso de narcóticos no pós-operatório;
·Menor morbidade operatória e menor risco de complicação de ferida operatória;
·Diminuição de hipoventilação materna no pós-operatório.

Desvantagens da Cirurgia Laparoscópica Durante a Gestação:
·Pouca evidência científica;

·Necessidade de anestesia geral;

·Risco de lesão uterina no momento da punção com agulha de Veress ou com o trocarte;
·Efeito deletério do pneumoperitônio sobre o feto, levando a acidose fetal. A relevância clínica destes experimentos é controversa e os resultados conflitantes(estudos experimentais);

·Intoxicação pelo monóxido de carbono, como resultado da exposição à fumaça gerada pelo cautério bipolar ou laser.

Fonte- Ginecologista Joji Ueno (CRM-48.486)

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