Nos últimos anos, o aumento no uso da videocirurgia e da videolaparoscopia como opção de acesso à cavidade abdominal sem a necessidade de grandes incisões, permitindo a realização da cirurgia com total reprodução do método consagrado na cirurgia aberta, constituiu-se no grande avanço da cirurgia, alcançando grande sucesso entre cirurgiões, médicos e pacientes.

A videolaparoscopia é uma técnica microcirúrgica pouco invasiva que consiste em passar um tubo fino iluminado de 5 a 10 mm de diâmetro através da parte inferior do abdômen, permitindo visualizar diretamente os ovários, útero, tubas uterinas e cavidade peritonal. Vários procedimentos microcirúrgicos e a laser podem ser feitos utilizando-se a laparoscopia, o que facilita e agiliza o processo, além de ter menores implicações no pós-operatório. Um exame muito útil e sofisticado, feito em ambiente hospitalar sob anestesia geral.

A laparoscopia já auxilia na pesquisa e tratamento da infertilidade feminina há muitos anos. Porém a década de noventa foi marcante nos avanços nessa área. A introdução da microcâmera, aparelhos que viabilizaram não somente o diagnóstico, porém o tratamento de inúmeras condições que impedem ou dificultam a fertilidade feminina. As aderências pélvicas, a endometriose, os cistos ovarianos, alguns miomas, lesões tubárias, podem ter na videolaparoscopia a sua resolução.

O diagnóstico e o tratamento cirúrgico por videolaparoscopia devem ser feitos por profissionais com experiência em infertilidade e microcirurgia. Ao se detectar determinada alteração durante um exame, o cirurgião especializado em Reprodução Humana deverá ter experiência e capacidade para discernir as reais vantagens de um tratamento cirúrgico. Caso contrário, os traumas dessa cirurgia poderão piorar ainda mais a saúde reprodutiva da paciente.

Diagnóstico – O diagnóstico da Síndrome do Ovário Policístico tem sido feito mais facilmente nos anos mais recentes, devido à disponibilidade do exame da ultrassonografia por videolaparoscopia. Antes dele, apenas as mulheres com os sintomas mais graves podiam ser diagnosticadas com segurança; atualmente a condição pode ser detectada mesmo quando os problemas são apenas leves. A videolaparoscopia deve ser efetuada, no entanto, após a devida preparação que inclui uma avaliação médica completa e um exame físico. Esta avaliação consta, além do exame médico ginecológico, uma avaliação pré-anestésica feita com um anestesista. O procedimento é habitualmente com internação inferior a um dia e sob anestesia geral.

Tratamento – Depois do uso de medicamentos sem sucesso para tentar induzir a ovulação, ou a limitação dos injetáveis pelo seu custo e também pela alta incidência de gestação múltipla (25% a 30%), a cirurgia ovariana pela da via laparoscópica tem demonstrado resultados satisfatório e pode ser realizada no mesmo procedimento para o diagnóstico.

Pela via laparoscópica é possível cauterizar os micro cistos ovarianos através de perfurações pequenas e múltiplas. Após a destruição dos cistos, os ovários ficam sem os efeitos hormonais adversos, contrários ao seu bom funcionamento, ou seja, há um equilíbrio entre os hormônios, resultando na maturação dos folículos e consequente ovulação.

Uma porcentagem significativa das mulheres que se submetem a cauterização ovariana através das técnicas videolaparoscópicas tem a restauração espontânea da ovulação com gravidez subsequente, além das taxas menores de aborto em relação às que fazem uso de hormônios, pela melhor qualidade dos óvulos. Por outro lado, pode causar dano excessivo aos ovários diminuído sua capacidade reprodutiva futura.  Assim, a indicação cirúrgica deve ser bem criteriosa e o cirurgião deve ser experiente.

Pode-se dizer que a videolaparoscopia revolucionou a técnica cirúrgica, bem como as formas de diagnóstico, pois, além de evitar cortes, ajudar no esclarecimento diagnóstico, o que leva a um pós-operatório simplificado, visto que só necessita eliminar as substâncias anestésicas para que o paciente tenha alta, o que acontece em 3 a 4 horas, assim como acelera a volta da paciente as suas atividades normais e minimiza gastos hospitalares. Porém, é sempre importante que a decisão seja tomada pela paciente em conjunto com seu médico e de acordo com seu objetivo final, se para engravidar ou apenas corrigir o problema.

 

Fonte – ginecologista Joji Ueno (CRM-48.486), doutor em medicina pela Faculdade de Medicina da USP, responsável pelo setor de Histeroscopia Ambulatorial do Hospital Sírio Libanês e Diretor na Clínica Gera.  

Site- www.clinicagera.com.br

 

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