DISPAREUNIA

A disfunção sexual feminina tem se tornado uma queixa cada vez mais frequente nos consultórios de ginecologia. Ela é definida como um transtorno no ciclo da resposta sexual ou dor associada à relação sexual, que resulta em sofrimento pessoal e pode interferir tanto na qualidade de vida quanto nas relações interpessoais da mulher. Uma dessas disfunções é a dispareunia, um transtorno sexual caracterizado pela sensação de dor genital durante o ato sexual.

Mais frequente do que se pensa, podendo atingir até 50% das mulheres com vida sexual ativa, a dispareunia causa uma dor geralmente sentida durante o ato sexual, mas que também pode ocorrer também antes e depois da relação. As mulheres a descrevem como uma sensação superficial, ou até mesmo profunda; e a intensidade pode variar de um leve desconforto até uma forte dor aguda.

O tipo mais comum de dor com a relação é a dispareunia de “penetração profunda”, onde a penetração do pênis causa dor. Muitas condições podem causar este tipo de dor, incluindo um prolapso uterino (quando o colo do útero e o útero estão a “deslizar” para fora da vagina devido ao relaxamento dos tecidos que os seguram); “bexiga caída” devido a parto; tecido cicatrizado em torno do útero ou dos ovários (chamados de aderências); um cisto do ovário (embora esta seja uma causa incomum de tal dor); grandes miomas uterinos (tumores não cancerígenos do útero); e endometriose, uma condição em que minúsculos implantes de sangue do útero aderem aos órgãos femininos e causam dor.

A dispareunia é uma disfunção sexual difícil de ser avaliada e algumas destas causas de “penetração profunda” são difíceis de diagnosticar. Isso pode exigir múltiplos exames ambulatoriais e até mesmo laparoscopia. Neste último caso, é feita uma cirurgia ambulatorial, onde um tubo iluminado é introduzido no umbigo para visualizar diretamente os órgãos da pélvis feminina interna para diagnosticar e tratar problemas. A fina câmera é inserida no abdome por uma pequena incisão de 1 cm no umbigo. Além da incisão umbilical, é necessário outras duas incisões de 1 cm ou 0,5 cm abaixo da marca de biquíni. A cirurgia é realizada após insuflação de um gás, geralmente o CO2, para distensão da cavidade abdominal e então melhor visualização dos órgãos pélvicos.

A cirurgia laparoscópica, quando bem indicada e executada, é muito melhor para o paciente. Este sofre bem menos com as pequenas incisões cirúrgicas, há menos dor pós-operatória, a permanência hospitalar torna-se mais curta e a recuperação para as atividades é mais rápida. A anestesia realizada é a geral e a paciente fica internada no hospital 1 ou mais dias, dependendo do tipo de cirurgia. As complicações são raras e envolvem a lesão de bexiga, intestino, vasos sanguíneos, além do risco anestésico.

Fonte – Ginecologista Joji Ueno (CRM-48.486), doutor em medicina pela Faculdade de Medicina da USP, responsável pelo setor de Histeroscopia Ambulatorial do Hospital Sírio Libanês e Diretor na Clínica Gera (www.laparoscopiaginecologica.com.br

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