O que é ooforectomia? Quando devo optar pelo procedimento? Quais são os efeitos colaterais de ter um ovário removido? É verdade que a remoção dos ovários antes da menopausa deixa o cérebro mais vulnerável ao AVC? Muitas são as dúvidas sobre a ooforectomia, um procedimento cirúrgico que remove os ovários e é recomendado nas doenças ovarianas, como tumor benigno ou maligno; no abcesso tubo-ovariano que não pode ser resolvido clinicamente; na endometriose ovariana severa associada a aderências; dor pélvica crônica importante; e em pacientes com prole definida. Mas, a ooforectomia deve ser muito bem avaliada antes da sua indicação, pois pode haver comprometimento da função hormonal e reprodutiva. É importante salientar que é extremamente rara sua indicação diante de doenças benignas, mesmo quando há cistos de endometriose (endometrioma), pois o cuidado e experiência cirúrgica laparoscópica possibilitam a manutenção dos ovários, bem como a sua função fica preservada.

Abaixo seis perguntas e respostas tiram as principais dúvidas de quem vai se submeter à cirurgia.

Como é o procedimento?

A retirada dos ovários pode ser realizada por videolaparoscopia ou laparotomia.

A videolaparoscopia é um procedimento cirúrgico, onde as cavidades abdominal e pélvica podem ser investigadas com a visão aumentada em 20 vezes. Inicialmente introduz-se pelo umbigo um trocarter de 10 mm, por onde a óptica entrará e será possível investigar a superfície dos órgãos pélvicos e abdominais. A seguir com mais duas ou três pequenas incisões de 5 a 10 mm, são introduzidas as pinças e tesouras, que serão utilizadas na cirurgia.

Já a laparotomia é a cirurgia convencional, é considerada mais desconfortável, agressiva ao organismo e que deixa cicatrizes. Além disso, causa mais dor, o que favorece um retorno tardio às atividades cotidianas.

A cirurgia laparoscópica, por ser minimamente invasiva, tem vantagens consideráveis sobre a laparotomia: permite identificar o limite da estrutura doente e normal, sendo possível a cirurgia conservadora, tirando-se apenas a doença e deixando a parte normal do órgão; menor dor no pós-operatório; retorno mais precoce às atividades, geralmente em 7 a 10 dias; diminuiu a incidência de aderências; e as incisões de pele são menores, medindo de 5 a 10mm.

Há recomendações antes da cirurgia?

Depende muito da orientação de cada médico, mas habitualmente não se exige preparo especifico prévio, com exceção da orientação habitual sobre a queda hormonal que se estabelece após a ooforectomia.

Como é o pós-operatório?

É similar às cirurgias ginecológicas de pequeno porte, ou seja, dor leve no pós-operatório. Entretanto, se houver sinais clínicos da deficiência de estrogênio, tais com fogachos, o médico resolve com a reposição hormonal apropriada.

É verdade que a ooforectomia causa menopausa cirúrgica?

Sim, quando são retirados os dois ovários. A principal consequência negativa da ooforectomia em mulheres em idade reprodutiva é a menopausa prematura, também chamada de cirúrgica. A menopausa natural causa um decréscimo gradual nos níveis de estrógeno. Já a cirúrgica está associada a uma queda abrupta não só desses hormônios, mas também da progesterona e da testosterona, o que resulta em sintomas exacerbados, principalmente instabilidade vasomotora, diminuição da libido e queda na qualidade de vida. Quando realiza-se a ooforectomia unilateral, o ovário contra-lateral (do outro lado) geralmente é suficiente para manter a função hormonal e reprodutiva.

Quais os benefícios e possíveis riscos após a cirurgia?

Os benefícios potenciais associados à ooforectomia incluem a prevenção do câncer de ovário, a diminuição do risco de câncer de mama e de cirurgia ovariana subsequente. Mas ela também está associada a altas taxas de doença cardiovascular, osteoporose, fratura do quadril e demência.

Caso eu passe pela ooforectomia, há chances de ter um Acidente Vascular Cerebral (AVC) após o procedimento?

De acordo com pesquisadores da Georgia Regents University, nos EUA, a remoção dos ovários antes da menopausa, ou menopausa cirúrgica, parece deixar o cérebro mais vulnerável ao acidente vascular cerebral (AVC) e aumentar o risco de doença de Alzheimer. No entanto, a equipe da pesquisa ressalta que mais estudos são necessários para confirmar esse resultado.

Fonte – ginecologista Joji Ueno (CRM-48.486), doutor em medicina pela Faculdade de Medicina da USP, responsável pelo setor de Histeroscopia Ambulatorial do Hospital Sírio Libanês e Diretor na Clínica Gera (www.clinicagera.com.br).

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